31 de janeiro de 2012

A ilusão aos olhos da mágica

No dia 31 de janeiro é comemorado o dia do mágico, esse profissional é capaz de criar ilusões, levando encantamento e fascinação às pessoas, exercendo um conjunto de técnicas que demonstram um controle oculto.
A mágica traz consigo elementos que dissimulam ser sobrenaturais, onde “se pretende produzir efeitos e fenômenos contrários às leis naturais”, segundo descrito no dicionário Aurélio, daí o seu poder de seduzir as pessoas.
Segundo a história, a data surgiu em homenagem a São João Bosco, o padroeiro dos mágicos, na data de seu falecimento, em 1888.
Desde jovem João ajudava nas finanças da família, trabalhando como mágico, malabarista e acrobata.
Além disso, era muito religioso, pregava o evangelho depois de suas apresentações, para o público presente. Com isso, acreditava que as bênçãos financeiras que recebia vinham pela pregação da palavra de Jesus.
Outro hábito do rapaz era convidar as pessoas para rezarem o terço, o que se tornou uma constante prática, sempre ganhando novos adeptos.
A canonização de João Bosco, como santo da igreja católica, aconteceu em 1934, pelo papa Pio XI, na Itália.
É comum confundirmos mágica com magias. As magias são de cunho espiritual, não tendo nenhuma ligação com as mágicas. As magias têm características espirituais, apresentando-se por cerimônias para se entrar em contato com os aspectos ocultos do universo.
As mágicas se dividem em vários grupos, podendo ser feitas com cartas de baralho, lenços, dados, objetos escondidos, animais, pessoas, moedas, argolas, dentre várias outras formas.
Dentre os mágicos mais famosos do mundo podemos citar Harry Houdini, David Copperfield - o primeiro a se apresentar na Broadway, Mister M, que mostrava as técnicas dos truques e David Blane, que faz performances, inclusive de levitação, pelas ruas de várias cidades.
Hoje em dia podemos realizar alguns truques de mágica, pois são vendidos vários artigos de mágicas, mas é bom lembrar que as mesmas requerem dedicação e treinamento, para que sejam apresentadas com perfeição.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia

O que é a Ordem Internacional das Filhas de Jó?

A Ordem Internacional das Filhas de Jó foi fundada no dia 20 de Outubro de 1920, em Omaha, no Estado de Nebraska, nos Estados Unidos, pela senhora Ethel T. Wead Mick e possui como base o livro bíblico de Jó. 
É uma instuição paramaçônica destinada a jovens de 10 a 20 anos (incompletos), visando o aperfeiçoamento do caráter. 
O nome se refera às três filhas de Jó: Késia, Jemina e Keren - Happouk, que são citadas na bíblia como "as mulheres mais justas de toda a terra" 
Está presente nos seguintes países: Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Filipinas. A Ordem chegou no Brasil em 1990, trazida pelo maçom Alberto Mansur e o primeiro Bethel foi intalado no Rio de Janeiro, Bhetel Mater do Brasil. 
Para ingressar na Ordem precisa ter parentesco maçônico e ter menos de 20 anos. 
O Bethel possui o Conselho guardião formado por maçons, esposas, mães e pais de filhas de Jó e os membros de maior idade (filhas de Jó que possuem mais de 20 anos), esses ajudam as filhas de jó na realização de seus trabalhos . 
As Filhas de jó realizam atividades filantrópicas, que arrecada fundos para caridades.
Fonte: GLEAC

26 de janeiro de 2012

A ORDEM DeMolay

A Ordem DeMolay é uma organização (fraternidade) paramaçônica masculina de jovens e foi oficialmente fundada em 1919, na cidade de Kansas City, no Estado do Missouri, Estados Unidos da América, pelo Maçom Frank Sherman Land e teve o auxílio do Maçom e membro da Ordem da Estrela do Oriente, Frank Arthur Marshall, na criação dos Rituais da Ordem. Esta bela Ordem iniciática conta desde seu início com o imprescindível apoio e patrocínio da Maçonaria Americana, mais particularmente das Grandes Lojas.

SEUS OBJETIVOS
A Ordem DeMolay é uma escola de líderes e seu principal objetivo é o de reunir rapazes de 12 à 20 anos completos, para que através de trabalhos ritualísticos, estes jovens iniciados tenham a oportunidade de edificar seu caráter através do desenvolvimento espiritual e moral. Destacam-se ainda, os princípios da Ordem, ensinados através das Sete Virtudes Cardeais DeMolay, como rumo a este desenvolvimento pessoal, sendo elas, o Amor Filial, a Reverência pelas Coisas Sagradas, a Cortesia, o Companheirismo, a Fidelidade, a Pureza e o Patriotismo. O jovem Iniciado deverá também, acreditar num Ser Supremo, ser leal e companheiro, além de possuir o respeito pela bandeira de nosso País e ao que ela representa, respeito e carinho para com as mães, pais e Maçons, além de praticar o salutar exercício da filantropia.

A ORDEM DEMOLAY NO BRASIL
O Capítulo Rio de Janeiro foi o primeiro a ser instalado em nosso território em 1980, sendo este o Mater do Brasil. Desde 06/07/2004, no Brasil, a Ordem DeMolay no Brasil é gerida pelo Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa para o Brasil com sede em Brasília/DF, única entidade legalmente estabelecida em solo brasileiro, com o reconhecimento e a Carta Constitutiva expedida pela DeMolay International e que possui sua sede nos EUA. 
Atualmente, são vários os Estados que já possuem Capítulos da Ordem DeMolay.

COMO SE TORNAR UM MEMBRO DA ORDEM
Para fins de elegibilidade, está apto a ingressar na Ordem DeMolay somente o jovem que tenha feito 12 (doze) anos, que não tenha atingido a idade de 21 (vinte e um) anos e, que tenha sido recomendado por 2 (dois) membros da Ordem ou por Sênior DeMolay e/ou por um Maçom regular em sua Loja, desde que esta seja vinculada à Obediência Maçônica reconhecida , ou seja GLM (CMSB), (COMAB) e GOB (GOB).
Para o título de membro da Ordem, será considerado com base no caráter e nas qualificações morais conforme prescrito nos Princípios Sagrados da Ordem DeMolay.

COMO ASSISTIR ÀS REUNIÕES 
Só podem assistir as Reuniões Ritualísticas, os membros iniciados na Ordem DeMolay e Maçons ativos e regulares das lojas vinculadas as Obediências Maçônicas reconhecidas. 

Fonte: Internet - Pesquisa da  Loja Maçônica Professor José Eduardo Pereira nº 34 - GLMPI

23 de janeiro de 2012

A DOR E A MORTE

Humberto de Campos
 
Pelas margens sagradas do Eufrates, que fugia, então, sem espuma e sem ondas, caminhavam, na infância maravilhosa da Terra, a Dor e a Morte. Eram dois espetros longos e vagos, sem forma definida, cujos pés não deixavam traços na areia. De onde vinham, nem elas próprias sabiam. Guardavam silêncio, e marchavam sem ruído olhando as coisas recém-criadas.
Foi isto no sexto dia da Criação. Com o focinho mergulhado no rio, hipopótamos descomunais contemplavam, parados, a sua sombra enorme, tremulamente refletida nas águas. Leões fulvos, de jubas tão grandes que pareciam, de longe, estranhas frondes de árvores louras, estendiam a cabeça redonda, perscrutando o Deserto. Para o interior da terra, onde o solo começava a cobrir-se de verde, velando a sua nudez com um leve manto de relva moça, que os primeiros botões enfeitavam, fervilhava um mundo de seres novos, assustados, ainda, com a surpresa miraculosa da Vida. Eram aves gigantescas, palmípedes monstruosos, que mal se sustinham nas asas grosseiras, e que traziam ainda na fragilidade dos ossos a umidade do barro modelado na véspera. Algumas marchavam aos saltos, o arcabouço à mostra, mal vestidas pela penugem nascente. Outras se aninhavam, já, nas moitas sem espinhos, nos primeiros cuidados da primeira procriação. Batráquios de dorso esverdeado porejando água, fitavam mudos, com os largos olhos fosforescentes e interrogativos, a fila cinzenta dos outeiros longínquos, que pareciam, à distância, à sua brutalidade virgem, uma procissão silenciosa, contínua, infinita, de batráquios maiores. Auroques taciturnos, sacudindo a cabeça brutal, em que se enrolavam, encharcadas e gotejantes, braçadas de ervas dos charcos, desafiavam-se, urrando, com as patas enfiadas na terra mole.
Rebanho monstruoso de um gigante que os perdera, os elefantes pastavam em bando, colhendo com a tromba, como ramalhetes verdes, moitas de arbustos frescos. Aqui e ali, um alce galopava, célere. E à sua passagem, os outros animais o ficavam olhando, como se perguntassem que focinho, que tromba, ou que bico, havia privado das folhas aquele galho seco e pontiagudo que ele arrebatava na fuga.

Ursos primitivos lambiam as patas, monotonamente. E quando um pássaro mais ligeiro cortava o ar, num vôo rápido, havia como que uma interrogação inocente nos olhos ingênuos de todos os brutos.

Em passo triste, a Dor e a Morte caminham, olhando, sem interesse, as maravilhas da Criação. Raramente marcham lado a lado. A Dor vai sempre à frente, ora mais vagarosa, ora mais apressada; a outra, sempre no mesmo ritmo, não se adianta, nem se atrasa. Adivinhando, de longe, a marcha dos dois duendes, as coisas todas se arrepiam, tomadas de agoniado terror. As folhas, ainda mal recortadas no limo do chão, contraem-se, num susto impreciso. Os animais entreolham-se inquietos e o vento, o próprio vento, parece gemer mais alto, e correr mais veloz à aproximação lenta, mas segura, das duas inimigas da Vida.

Súbito, como se a detivesse um grande braço invisível, a Dor estacou, deixando aproximar-se a companheira.
 
Para que mistério — disse, a voz surda, — para que mistério teria Jeová, no capricho da sua onipotência, enfeitado a terra de tanta coisa curiosa?
A Morte estendeu os olhos perscrutadores até os limites do horizonte, abrangendo o rio e o Deserto, e observou, num sorriso macabro, que fez rugir os leões:
— Para nós ambas, talvez...
— E se nós próprias fizéssemos, com as nossas mãos, uma criatura que fosse, na terra, o objeto carinhoso do nosso cuidado? Modelado por nós mesmas, o nosso filho seria, com certeza, diferente dos auroques, dos ursos, dos mastodontes, das aves fugitivas do céu e das grandes baleias do mar. Tra-lo-íamos, eu e tu, em nossos braços, fazendo do seu canto, ou do seu urro, a música do nosso prazer...
Eu o traria sempre comigo, embalando-o, avivando-lhe o espírito, aperfeiçoando-lhe à alma, formando-lhe o coração. Quando eu me fatigasse, tomá-lo-ias, tu, então, no teu regaço... Queres?
A Morte assentiu, e desceram, ambas, à margem do rio; onde se acocoraram,
sombrias, modelando o seu filho.
— Eu darei a água... — disse a Dor, mergulhando a concha das mãos, de dedos esqueléticos, no lençol vagaroso da corrente.
— Eu darei o barro... — ajuntou a Morte, enchendo as mãos de lama pútrida, que o sol endurecera.
E puseram-se a trabalhar. Seca e áspera, a lama se desfazia nas mãos da oleira sinistra que, assim, trabalhava inutilmente.
— Traze mais água! — pedia.
A Dor enchia as mãos no leito do rio, molhava o barro, e este, logo, se amoldava, escuro, ao capricho dos dedos magros que o comprimiam. O crânio, os olhos, o nariz, a boca, Os braços, o ventre, as pernas, tudo se foi formando, a um jeito, mais forte ou mais leve, da escultora silenciosa.
— Mais água! — pedia esta, logo que o barro se tornava menos dócil.
E a Dor enchia as mãos na corrente, e levava-a à companheira.
Horas depois, possuía a Criação um bicho desconhecido. Plagiado da obra divina, o novo habitante da Terra não se parecia com os outros, sendo, embora, nas suas particularidades, uma reminiscência de todos eles. A sua juba era a do leão; os seus dentes, os do lobo; os seus olhos, os da hiena; andava sobre dois pés, como as aves, e trepava, rápido, como os bugios.
O seu aparecimento no seio da animalidade alarmou a Criação. Os uros, que
jamais se haviam mostrado selvagens, urravam alto, e escarvavam o solo, à sua aproximação. As aves piavam nos ninhos, amedrontadas e os leões, as hienas, os tigres, os lobos, reconhecendo-se nele, arreganhavam os dentes ou mostravam as garras, como se a terra acabasse de ser invadida, naquele instante, por um inimigo inesperado.
Repelido pelos outros seres, marchava, assim, o Homem pela margem do rio,
custodiado pela Dor e pela Morte. No seu espírito inseguro, surgiam, às vezes, interrogações inquietantes. Certo, se aqueles seres se assombravam à sua aproximação, era porque reconheciam, unânimes, a sua condição superior. E assim refletindo, comprazia-se em amedrontar as aves, e em perseguir em correrias desabaladas pela planície, ou pela margem do rio, esquecendo por um instante a Dor e a Morte, os gamos, os cerdos, as cabras, os animais que lhe pareciam mais fracos.
Um dia, porém, orgulhosas do seu filho, as duas se desavieram, disputando-
se a primazia na criação do abantesma.
— Quem o criou fui eu! — dizia a Morte. — Fui eu quem contribuiu com o barro!
— Fui eu! — gritava a outra. — Que farias tu sem a água, que amoleceu a lama?
E como nenhuma voz conciliadora as serenasse, resolveram, as duas, que cada uma tiraria da sua criatura à parte com que havia contribuído.
— Eu dei a água! — tornou a Dor.
— Eu dei o barro! — insistiu a Morte.
Abrindo os braços, a Dor lançou-se contra o monstro, apertando-o, violentamente, com as tenazes das mãos. A água, que o corpo continha, subiu, de repente, aos olhos do Homem, e começou a cair, gota a gota... Quando não havia mais água que espremer, a Dor se foi embora. A Morte aproximou-se, então, do monte de lama, tomou-o nos ombros, e partiu...

19 de janeiro de 2012

Da Biblioteca para a Fogueira


Razões políticas, religiosas e morais têm levado os livros à destruição desde sua origem, na Mesopotâmia, até os dias atuais, como no saque à Biblioteca de Bagdá

Por José Castello

Livros são potencialmente perigosos e, por isso, devem ser destruídos. A repulsiva idéia, que o escritor italiano Umberto Eco desenvolveu, de forma impecável, em seu popular romance O nome da rosa, de 1981, é na verdade muito antiga. Surgiu com os próprios livros, que aparecem pela primeira vez, feitos em argila, na Suméria, Mesopotâmia, onde é hoje o sul do Iraque. Guerras sucessivas os destruíram - perto de 100 mil deles, estimam os historiadores. Ainda assim, expedições arqueológicas desenterraram tabletas de argila que datam dessa época. Desde esses tempos remotos, o livro – em suas primeiras formas, tabletas, depois papiros, pergaminhos – está, sempre, sob ameaça.

A saga dessas agressões é relatada em História universal da destruição dos livros, do escritor venezuelano Fernando Báez. “Os que queimam livros acabam queimando homens”, escreveu o poeta Heinrich Heine. A história prova que sim. Báez participou da comissão da Unesco que, em março de 2003, visitou o Iraque depois da invasão americana, para investigar a devastação da Biblioteca Nacional de Bagdá. Ela sofreu dois ataques com bombas e mísseis, seguidos de dois violentos saques. Todo o acervo desapareceu. Tabletas de argila dos sumérios, de 5.300 anos, foram roubadas das vitrines.

“Mas a destruição da Biblioteca Nacional não teve a repercussão mundial da pilhagem do Museu Arqueológico de Bagdá”, Báez lamenta. Em um café da capital, a poucas quadras da biblioteca, ele ouviu o desabafo de um professor iraquiano. “Nossa memória já não existe.” A destruição de livros vem de muito longe. Em 1975, arqueólogos escavaram, a 55 km a sudoeste de Alepo, na Síria, os restos de um antigo palácio. O que encontraram? Uma biblioteca enterrada, com um acervo de 15 mil tabletas. A destruição foi conseqüência de um ataque militar inimigo, a respeito do qual os historiadores, ainda hoje, se encontram divididos; uns o atribuem ao rei acadiano Naramsin, outros ao rei Sargão. Três mil anos antes de Cristo, livros já eram dizimados pela guerra.

A devastação continuou, por volta de 2000 a.C., em uma região governada pelo rei Hamurabi, que é, hoje, o sul de Bagdá. Em 689 a.C., as tropas de Senaquerib arrasaram a Babiblônia. Seu neto, o soberano assírio Assurbanipal, o primeiro grande colecionador de livros do mundo antigo, fundou, em Ninive, outra esplêndida biblioteca, arrasada ela também décadas depois. De seus restos, no século XIX, arqueólogos desencavaram mais de 20 mil tabletas, hoje guardadas no Museu Britânico. No início do século XX, arqueólogos desenterraram na antiga Hattusa, a capital dos hititas, mais de 10 mil tabletas escritas, em pelo menos oito línguas diferentes. Também a biblioteca do Ramesseum, o templo que Ramsés II construiu em Tebas para lhe servir de túmulo, desapareceu com seus rolos de papiros esotéricos.

Depois de Ramsés II, o faraó monoteísta Akhnatón mandou queimar milhares de papiros, porque eles falavam de espectros e demiurgos. A destruição de livros continuou na Grécia Antiga. Estima-se que 75de toda a literatura, filosofia e ciência antiga se perderam. Das 120 obras incluídas no catálogo de Sófocles, hoje só temos a versão integral de sete, e um monte de fragmentos. “O horror é ainda maior”, lembra Báez. “Todos os pré-socráticos e todos os sofistas estão em fragmentos.” É a história em pedaços. Um dos momentos mais brutais foi o da destruição da Biblioteca de Alexandria, com um acervo que se aproximava do milhão de livros. Durante a metade de um ano, papiros contendo textos de Hesíodo, Platão, Górgias e Safo, entre tantos outros autores, foram usados para acender o fogo dos banhos públicos da cidade.

Centenas de obras da biblioteca de Aristóteles desapareceram quando da morte repentina de Alexandre Magno, de quem ele foi tutor. O fato mais grave é a perda do segundo livro de sua Poética, dedicado ao estudo da comédia. Em O nome da rosa, Umberto Eco propõe a versão de que ele foi destruído progressivamente pela Igreja Católica, para conter a influência do humor. Báez suspeita que a Poética tenha sido, na verdade, destruída pelo desleixo. Um dos momentos maiores da história de Israel é a destruição das Tábuas da Lei. O Êxodo diz que foi o próprio Moisés quem, em um acesso de cólera, as destruiu. A descoberta, em 1947, por jovens beduínos, dos célebres Manuscritos do Mar Morto, revelou a primeira coleção conhecida de livros do Antigo Testamento.

Até hoje eles provocam a polêmica, o que leva Báez a concluir que “os teólogos não parecem preparados para admitir a existência de Cristo para além da fé”. Um Cristo nos livros. A perseguição religiosa é universal. Na China, houve a caça aos textos budistas. Em 1900, em grutas em meio ao deserto de Gobi, foram encontrados milhares de textos sagrados do budismo, muitos em bom estado, mas outros em fragmentos, que lá estiveram adormecidos ao longo de 1500 anos. São Paulo lutou contra o que considerava “livros mágicos”. Em uma visita a Éfeso, levou os magos da cidade a queimarem voluntariamente seus livros, para que não caíssem nas mãos dos cristãos. “O desaparecimento dos escritos dos gnósticos, causado, em grande parte, pela feroz perseguição da Igreja Católica, merece um livro só para si”, Báez comenta.

Vínculo mais direto com a cultura grega clássica, o Império Bizantino preservou os escritos de Platão, Aristóteles, Heródoto e Arquimedes. Lá, nos século II e III, surgiu um novo formato de livro, o códice, mais resistente, feito de pele de cabra, ou de ovelha. Ainda assim, em 1204, quando a Quarta Cruzada chegou a Constantinopla, milhares de manuscritos foram destroçados. O feroz ataque das tropas turcas em 1453 também levou à destruição de milhares de livros. “Houve um momento em que todo o continente europeu ficou literalmente sem bibliotecas”, Báez recorda. Nos séculos V e VI, copiar e ler eram atividades pouco usuais, quase secretas. Se os clássicos gregos sobreviveram em Bizâncio, os clássicos latinos e celtas foram salvos, em grande parte, pelos monges da Irlanda.

Foi Carlos Magno, o rei dos francos, quem, no século VIII, estimulou os bispos a fundar escolas e bibliotecas. Nada disso conteve a destruição. Abelardo – que foi castrado por seu amor proibido por Heloisa – teve a obra queimada pelo papa Inocêncio III. Dante viu o seu Sobre a monarquia virar um monte de cinzas na Lombardia, em 1318. Savonarola queimou também os livros de Dante, mas, um ano depois, a Igreja lançou no fogo todos os seus escritos, sermões, ensaios e panfletos. Um dos momentos mais célebres da história da destruição dos livros envolve a Bíblia de Gutenberg, concluída em 1455.

Dos 180 exemplares impressos, só restam 48 cópias. O descaso a destruiu, mas o próprio Gutenberg, segundo algumas fontes, arruinou alguns exemplares, na esperança de lhes aprimorar a beleza. O horror se disseminou com a perseguição promovida pelo Santo Ofício. Com a excomunhão de Martim Lutero, em 1520, a difusão de seus escritos foi proibida pela Igreja. Em 1542, o papa Paulo III constituiu a Congregação da Inquisição. Seu sucessor, Paulo IV, criou o temido Index, lista de livros proibidos. Na Espanha, a ascensão de Felipe II fortaleceu a censura católica. Também na França, Carlos IX passou a destruir, pelo fogo, livros perigosos. A perseguição a astrólogos, alquimistas e poetas atingiu o profeta Nostradamus. Seu livro mais importante, as Centúrias, de 1555, “tem sido sistematicamente destruído desde seu aparecimento”, lembra Báez. Da primeira edição, só restam hoje dois exemplares.

A guerra sempre foi inimiga dos livros. No século XV, uma guerra civil no Japão acabou com todas as bibliotecas de Kioto. Em 1527, o exército de Carlo V, ao conquistar Roma, destruiu muitas bibliotecas. Na Guerra de Secessão dos Estados Unidos, muitos livros desapareceram. Quando tomaram o Canadá em 1813, os soldados americanos queimaram a Biblioteca Legislativa. Como vingança, os ingleses queimaram a Biblioteca do Congresso Americano. A destruição de livros é, em grande parte, fruto da hostilidade contra o pensamento. “A França foi o berço da liberdade européia porque também foi o berço da censura”, lembra Báez. As Cartas filosóficas, de Voltaire, provocaram a ira da Igreja; Voltaire foi preso e seu livro queimado.

Do mesmo modo, a publicação da Enciclopédia, em 1759, provocou tanto escândalo que o próprio editor, Le Breton, temendo as retaliações, destruiu vários exemplares. Também os Pensamentos filosóficos, de Diderot, foram incinerados por ordem do Parlamento. Na Revolução Francesa, a lei do terror estimulou o ataque a bibliotecas. Só em Paris, mais de 8 mil livros foram queimados. Também durante a Comuna de Paris, em 1871, bibliotecas foram destruídas. A emancipação da América Latina também foi marcada por saques e destruições. Na Venezuela, o Santo Ofício mandou queimar uma coleção que Simon Bolívar conseguiu reunir para o acervo de uma biblioteca pública. Durante a Guerra Civil Espanhola, a Biblioteca Nacional, em Madri, foi bombardeada. “Somente graças à abnegação dos bibliotecários, centenas de livros e manuscritos se salvaram”, observa Báez.

Com a chegada de Franco ao poder, iniciou-se um movimento de “depuração” das bibliotecas, perseguindo “idéias que possam resultar nocivas à sociedade”, de acordo com um decreto oficial. A ascensão dos nazistas gerou um verdadeiro “bibliocausto”, Báez define. Ao ser designado chanceler em 1933, Hitler, que era um pintor frustrado, iniciou uma feroz perseguição à cultura. Leitor voraz, ele, ao morrer, num exemplar dos ensaios de Ernst Schertel, deixou uma frase sublinhada: “Quem não carrega dentro de si as sementes do demoníaco nunca fará nascer um novo mundo”. A expansão soviética destruiu muitas bibliotecas. Em 1944, dezenas delas foram arrasadas em Budapeste, na Hungria. No ano seguinte, na Romênia, trezentos mil livros desapareceram.

Também quando o regime do Khmer Vermelho triunfou no Camboja, em 1975, um estranho letreiro foi dependurado na porta da Biblioteca Nacional: “Não há livros. O governo do povo triunfou”. Mas a destruição não tem ideologia. Quando subiu ao poder, no Chile, o ditador Augusto Pinochet atacou a sede da Editora Quimantú, destroçando milhares de livros. A Revolução Cultural chinesa, Báez acrescenta, foi uma máquina de destruir livros. Na Universidade de Pequim, todos os livros considerados ofensivos à consciência do povo eram queimados. Mais tarde, o escritor Pa Kin assim descreveu o clima de histeria que dominou o país e pelo qual ele mesmo se deixou arrastar: “Destruí livros que armazenei durante anos. (...) Eu negava completamente a mim mesmo”.

Em todo o planeta, a destruição se alastrou. No dia 30 de agosto de 1980, a mando da ditadura a Argentina, vários caminhões descarregaram 1,5 milhão de volumes em um terreno abandonado. Eles foram borrifados com gasolina e queimados. Mais recentemente, os talibãs destruíram na capital Cabul todos os livros contrários à sua fé. No conflito entre judeus e palestinos, milhares de livros, de ambos os lados, já foram perdidos. Em Cuba, em dezembro de 1999, em um estacionamento de uma colina de   Havana, centenas de livros doados pelo governo espanhol foram destruídos. O motivo: entre eles, havia 8 mil exemplares da Declaração dos Direitos Humanos.

Em março de 1997, os bibliotecários da Escola Hertford mandaram destruir 30 mil livros sobre temas homossexuais, que haviam sido doados. Durante oito horas de trabalho, 35 voluntários enterraram os livros. Mas não é só o conservadorismo que promove queima de livros, o pensamento progressista também. Em 1998, na Virginia Ocidental, um grupo chamado Coletivo de Mulheres queimou, em uma imensa fogueira, livros considerados degradantes à condição feminina, entre eles obras de Schopenhauer. No ano de 1994, as tropas russas entraram na Chechênia e arrasaram Grosny. O bombardeio sobre a cidade destruiu uma coleção de dois milhões e setecentos mil livros. Salvaram-se apenas 20 mil livros, guardados nos subterrâneos de um estádio de futebol. Calcula-se que em toda a Chechênia mais de mil bibliotecas e mais de 11 milhões de livros foram dizimados. As ameaças mais atrozes vêm, hoje, do terrorismo.

Recentemente, grupos diversos já manifestaram a intenção de destruir a Biblioteca do Congresso americano e a Biblioteca do Vaticano. O ataque ao World Trade Center, em Nova York, aniquilou arquivos e bibliotecas de economia. Mas, com a criação dos livros-bomba, os livros se tornaram, eles também, efetivamente perigosos. Em dezembro de 2003, Romano Prodi, presidente da Comissão Européia, quase morreu quando abriu um livro-bomba recheado de pólvora. Ainda assim, consola-se Báez, a cada livro destruído, mais aumenta o nosso horror. “Cada livro queimado ilumina o mundo”, sintetizou Ralph W. Emerson. Essa constatação não recupera as bibliotecas perdidas, mas acalenta a esperança de um futuro melhor.

Escritores perseguidos no Brasil e no exterior

Todos conhecem o caso do escritor anglo-indiano Salman Rushdie, autor do famoso – e perseguido – Os versos satânicos. Em 1989, o líder iraniano, aiatolá Khomeini, condenou Rushdie com uma fatwa. Ofereceu-se um milhão de dólares a quem o matasse. Seus livros passaram a ser queimados em diversos pontos do planeta. A literatura sempre foi alvo de perseguição. Em 1912, o impressor irlandês John Falconer queimou 999 dos mil exemplares da primeira edição de Dublinenses, de James Joyce, porque a linguagem forte dos relatos não o agradou. O mais famoso romance de D. H.   Lawrence, O amante de lady Chatterley, teve a primeira edição inteiramente destruída. A acusação de pornografia levou o Departamento de Estado americano a queimar livros do psicanalista Wilhelm Reich.

A primeira edição de A cidade e os cachorros, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, de 1962, não só foi confiscada pelos militares, mas totalmente queimada. Não é preciso longe. Báez recorda também que Getúlio Vargas mandou queimar 1700 exemplares de Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado. Muitas vezes, no entanto, são os próprios escritores que perseguem seus livros. É célebre a história do tcheco Franz Kafka que, antes de morrer, pediu ao amigo, Max Brod, que queimasse seus manuscritos. Brod o desobedeceu. Ao morrer, também o filósofo romeno E. M. Cioran deixou 34 cadernos de mil páginas com uma indicação precisa: “Destruir”. Sarcástico, Borges lembrou, um dia, que, quando um escritor quer dar sumiço em seus livros, faz o serviço pessoalmente.

Quando se refugiou em Charleville, o poeta Arthur Rimbaud, por exemplo, queimou ele mesmo muitos de seus manuscritos. Até Platão queimou livros, Báez nos lembra. Na juventude, quando conheceu Sócrates, Platão destruiu todos os seus poemas. Muito mais tarde, queimou os tratados do filósofo Demócrito para esconder semelhanças entre as idéias do inimigo e as suas. “É possível que Platão queimasse obras? Pois bem, ele queimou”, Báez afirma, perplexo com sua própria afirmação. Ele recorda ainda que, em 1910, os futuristas escreveram um manifesto em que pregavam o fim de todas as bibliotecas. Um escritor genial como Vladimir Nabokov queimou um exemplar do Quixote em pleno Memorial Hall, diante de seiscentos alunos, com o argumento de que o livro não prestava.

E Martin Heidegger entregou livros de seu maior inimigo, o filósofo Edmund Husserl, para que estudantes de filosofia os levassem ao fogo. E os amigos? Quando Gustave Flaubert leu para amigos, pela primeira vez, seu estranho As tentações de Santo Antão, eles sugeriram que ele o queimasse imediatamente e o esquecesse. Por sorte, dessa vez foi Flaubert quem não os atendeu. Em Crônica pessoal, Joseph Conrad conta que seu próprio pai queimou alguns de seus manuscritos. Isaac Newton dedicou sua vida a censurar e perseguir os trabalhos do astrônomo John Flamsteed. Newton plagiou as idéias de Flamsteed sobre as estrelas – e depois, temendo ser descoberto, conseguiu o confisco dos trezentos exemplares de livro que continha esse plágio e os queimou.

A busca da pureza e a luta contra a imoralidade têm sido fortes argumentos para a destruição de livros. Em 1749, Fanny Hill, romance de John Cleland, que relata as aventuras de uma prostituta, foi   proibido antes de ser editado. Já no século XX, a corte de Westminster, na Inglaterra, decretou a eliminação de todos os exemplares do Satyricon, de Petrônio, obra-prima da literatura latina, porque o livro trata da liberdade sexual. No século XIX, a grande obra de Charles Darwin, A origem das espécies, de 1859, teve muitos de seus exemplares queimados. Até hoje, nas regiões mais conservadoras dos Estados Unidos, o livro é perseguido como perigoso.


Livros censurados

DA MONARQUIA Dante Alighieri

CENTÚRIAS Michel Nostradamus

CARTAS FILOSÓFICAS Voltaire

PENSAMENTOS FILOSÓFICOS Denis Diderot

 OS VERSOS SATÂNICOS Salman Rushdie

DUBLINENSES James Joyce

O AMANTE DE LADY CHATTERLEY D. H. Lawrence

A CIDADE E OS CACHORROS Mario Vargas Llosa

DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS Jorge Amado

SATYRICON Petrônio

A ORIGEM DAS ESPÉCIES Charles Darwin


9 de janeiro de 2012

Hoje é Dia do Astronauta

"A ÁGUIA POUSOU"

Na imagem (da esquerda para a direita): Michael Collins, Edwin Aldrin e Neil Armstrong."Houston. Aqui é da Base Tranqüilidade. A Águia pousou". Com estas palavras, o astronauta norte-americano Neil Armstrong (nosso irmão) anunciou ao mundo, em 20.jul.1969, a chegada, pela primeira vez na história, de seres humanos à superfície da Lua... Exatamente às 23h56 (horário de Brasília), Armstrong tocaria o solo lunar com o pé esquerdo: "Um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade".
"Houston. Aqui é da Base Tranqüilidade. A Águia pousou". Com estas palavras, o astronauta norte-americano Neil Armstrong (*) anunciou ao mundo, ontem, 20/07/1969, a chegada, pela primeira vez na história, de seres humanos à superfície da Lua. O momento de maior emoção, no entanto, só aconteceria algumas horas depois. Exatamente às 23h56 (horário de Brasília), Armstrong tocaria o solo lunar com o pé esquerdo: "Um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade". Assim Neil Armstrong definiu sua chegada à Lua. Minutos antes, ele havia ativado a câmera de TV que transmitiu o "pequeno" passo para todo o planeta. Antes de enviar seu comunicado da base Tranqüilidade, no entanto, Armstrong tinha sido obrigado a agir para salvar a missão e a própria vida: o local designado para o pouso automático do módulo não era uma planície limpa, como esperado, mas uma cratera cheia de rochas. Armstrong foi forçado a assumir o controle manual do "Águia", pilotando-o até um local seguro. Segundo os médicos que, da Terra, acompanhavam o estado de saúde dos astronautas, no momento da emergência a pulsação de Armstrong passou de 77 batidas por minuto para mais de 150.
Ao pisar no solo da Lua, Neil Armstrong carregava 38 quilos de equipamento - entre os sistemas necessários para mantê-lo vivo na superfície lunar e aparelhos de comunicação. Na gravidade menor da Lua, no entanto, era como se o astronauta carregasse apenas pouco mais de seis quilos. Armstrong comparou a poeira na superfície da Lua a "cinzas", tanto em cor quanto em consistência. O colega de Armstrong no módulo "Águia", Edwin Aldrin ( ** ), desembarcou pouco depois, plantando uma bandeira dos EUA na Lua. Os astronautas receberam cumprimentos do presidente americano, Richard Nixon, e coletaram rochas e amostras de poeira lunar.
O "Águia" levou à Lua, ainda, uma placa metálica, que será deixada no satélite, com os dizeres: "Aqui, homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Viemos em paz, e por toda a humanidade". A placa é assinada por Nixon, Armstrong, Aldrin e Michael Collins, o astronauta que permaneceu na nave Apollo, em órbita da Lua, pronto para realizar o resgate dos colegas. Tanto a Apollo quando o Águia foram levados à Lua pelo foguete Saturno V, de três estágios, desenvolvido pelo cientista Werner Von Braun.
Tanto a placa quanto a bandeira deixada por Aldrin, e as pegadas de Aldrin e Armstrong, poderão permanecer, inalteradas, para sempre - já que na Lua não há ventos, umidade ou outros seres vivos capazes de modificar ou apagar os sinais deixados na base Tranqüilidade. Com a chegada do módulo "Águia" à Lua, a primeira parte da diretriz firmada pelo falecido presidente americano John Kennedy em 1961, e que serviu de lema para o projeto Apollo "levar astronautas à superfície da Lua e trazê-los de volta, a salvo" - foi cumprida. A segunda parte - a viagem de volta - deve começar hoje.
Afirmava o colunista naquela época.
Fonte: Samaúma
De Carlos Orsi Martinho
Astronautas chegam à Lua
Escrito para o Jornal "O estado de São Paulo"

8 de janeiro de 2012

GINÁSTICA DE RELAXAMENTO

Ir.: Luiz Fernando Oliveira Nambu  Or.: de Belo Orizonte
 







1 - Ginastica de Relaxamento
Entregue ao Pai Celestial todas as tuas cargas, preocupações e tristezas.
(Salmo 37:4-8; 46:10; Romanos 8:18 e Filipenses 4:6)

2 - Ginástica respiratória
Respire apenas a atmosfera de paz, amor e felicidade.
(Colossenses 3:13; Hebreus 12:2 e 14)

3 - Ginástica ocular
Veja somente o bem em teus semelhantes.
(Filipenses 2:3; Mateus 26:7-10 e Romanos 3:29)

4 - Ginástica auditiva
Escute a voz de Deus.
(Salmo 8:5 e 8; Isaías 6:8 e Provérbios 21:13)

5 - Ginástica para a mente
Exercite exclusivamente idéias construtivas.
(Salmo 1:2 e Filipenses 4:8)

6 - Ginástica para a língua
Pronuncie apenas palavras edificantes e caridosas.
(Colossenses 3:16; Mateus 5:37 e Romanos 31:26)

7 - Ginástica facial
Sorria, sorria, sorria o dia inteiro.
(I Tessalonicenses 5:16; Salmo 126:5 e Filipenses 2:10)

8 - Ginástica para as pernas
Ande sem temer pelos caminhos em que Deus te guiar.
(Isaías 55:1-8; Filipenses 2:10 e Romanos 12:12-13)

9 - Ginástica para as mãos 
Una-as diariamente, para uma oração especial.
(I Timóteo 2:8; Romanos 31:20 e Salmo 134:2)

10 - Ginástica para o coração
Irradie sentimento de amor.
(Romanos 12:9 e Jó 1:35)

11 - Ginástica para a alma
Tenha todos os dias contato com Deus.
(Miquéias 6:8; Romanos 12:9 e Lucas 21:19)

Pois é... engana-se quem pensa que só o corpo precisa de disciplina em relação a exercícios...

7 de janeiro de 2012

OS CONFLITOS ENTRE A MAÇONARIA E A IGREJA CATÓLICA NO BRASIL




No primeiro quartel do século XIX, a Maçonaria trabalhava no sentido de operar importantes transformações na sociedade brasileira. Dentre os projetos mais importantes, destacam-se: separação entre a igreja e o estado; instituição do casamento civil, instauração da liberdade religiosa; e a introdução do sistema republicano de governo.
O papa Leão XII disse em sua encíclica de treze de março de 1825: “as obras sobre religião e sobre a república que seus membros ousam à luz da publicidade...”(2). A semente da república estava sendo lançada: os líderes religiosos da época começaram a se preocupar com a possibilidade de perder o poder temporal. Apesar da diferença entre o pensamento maçônico e o da Igreja, o relacionamento entre a Igreja e maçonaria acontecia sem maiores tropeços.
Enquanto isso, os padres defendiam abertamente idéias liberais, identificando-se com os maçons da época. Em conseqüência, muitos deles foram iniciados na maçonaria, alguns com o consentimento e outros apenas com a tolerância dos bispos. Em novembro de 1872 “a paz termina quando, numa homenagem prestada pelas Lojas Maçônicas do Rio de Janeiro ao Grão-Mestre, o Visconde do Rio Branco, registra-se um incidente de maior monta. O padre Almeida Martins, que também é maçom, apresenta-se na cerimônia em seu traje de sacerdote e faz um discurso de saudação, representando a Loja do Grande Oriente do Lavradio, recebendo, por isso, uma punição do bispo diocesano, D. Pedro Maria de Lacerda. Reincidente em sua atuação é então suspenso das ordens sacras. Começa aqui uma guerra surda em que maçons passam a hostilizar a Igreja, enquanto esta, por seus bispos, age duramente contra os religiosos renitentes na pratica da maçonaria. Ocorre, então, um incidente ainda mais grave. O bispo de Olinda, D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, jovem de vinte e poucos anos, resolve aplicar, na época sob a sua jurisdição, as recomendações da Encíclica de 1864 do papa Pio IX, proibindo o clero de participar das cerimônias patrocinadas pelos maçons. O bispo chama particularmente cada um dos sacerdotes envolvidos e ordena-lhes que se dediquem tão somente à vida religiosa, afastando-se de atividades estranhas aos conventos. Encontrando oposição, D. Vital acabou por suspender as irmandades recalcitrantes, impedindo-as de receber novos membros, de participar de ofícios religiosos e até de vestir seus hábitos. Algumas destas irmandades recorrem ao governo e D. Vital, por sua parte, recorre ao papa, que lhe dá poderes para agir com rigor contra os rebelados. Está formado o embrulho, provocado pela espúria união entre a Igreja e o Estado(...)”(1) O incidente teve conseqüências nas outras unidades da federação; o bispo de Belém do Pará, D. Antonio Macedo Costa, reagiu e passou a atacar a Maçonaria. Diante dos recursos apresentados pelas irmandades, o Governo exigiu que D. Vital voltasse atrás e pusesse fim e à suspensão sob pena de ser processado. “O bispo responde com toda a calma e, depois de apresentar suas homenagens ao Imperador e seu respeito pelo Governo, acrescenta que se deve obedecer antes a Deus que aos homens e que recebia, naquele mesmo dia, do Governo, o aviso para suspender o interdito às irmandades, e, do Papa, seu Breve aprovando seus atos.”(5) Não tendo sido atendido, o governo avisa as irmandades que haviam feito os recursos que as mesmas estavam liberadas para suas atividades religiosas e civis. Como punição a Igreja, “o governo suspendeu o pagamento dos salários dos padres, que, naquele tempo, eram sustentados com recursos públicos. Finalmente foi ordenado que D. Vital fosse processado por desobediência e desacato. Foi então expedida a ordem para prender o bispo e mandá-lo para o Rio de Janeiro, onde seria julgado pelo Supremo Tribunal.”(5).

O bispo foi preso no Palácio Episcopal, em Recife, por um Juiz, o chefe de polícia e um Coronel. D. Vital apresentou-se às autoridades totalmente paramentado, com mitra e báculo, e assim foi preso. D. Vital foi julgado e condenado a quatro anos de prisão com trabalhos forçados.
Nos anos que se seguiram, as hostilidades continuaram no campo das idéias. O papa Leão XIII em sua encíclica de 20 de abril de 1884, disse: ”os maçons defendem a idéia de que os chefes de governo têm poder sobre o vinculo conjugal. Na educação dos filhos não há nada a lhes prescrever em matéria de religião. Já em muitos países, mesmo os católicos, esta estabelecido que fora do casamento civil não há união legítima.”(3) Nessa encíclica, o papa protesta contra a Maçonaria, por estar defendendo a liberdade de religião e a instituição do casamento civil. Isso poderia ser traduzido em perda de influência da Igreja sobre os fiéis. Leão XIII, cinco anos antes da proclamação da Republica no Brasil, disse também nesta encíclica que “segundo os maçons, todo o poder esta no povo livre; os que exercem o poder só são detentores pelo mandato ou pela concessão do povo.”(4) Na mesma encíclica o papa afirma que o poder pertence a Deus, o qual transferiu à Igreja a responsabilidade de governar ou de indicar alguém que fosse capaz de fazê-lo.(...)
O conflito no campo das idéias prosseguiu até o início do século XX. Os esforços para a evolução social e política eram divididos entre os católicos conservadores, os liberais e cienticifistas. A Igreja católica defendia o pensamento conservador e a Maçonaria o liberal. A igreja tinha nas mãos as escolas que educava somente os ricos; a Maçonaria agiu no sentido de mudar esta situação. Criou escolas noturnas e diminuiu o custo do ensino, tornando-o mais acessível as classes menos abastadas. Isto frustrou o objetivo da Igreja, que era manter o status quo da época, ou seja, impedir que o poder mudasse de mãos. Após o primeiro quartel do século XX não se teve mais noticias de conflitos entre a Igreja e a Maçonaria.
Aliás, é interessante mencionar que entre os membros da Maçonaria brasileira estão inúmeros evangélicos e católicos praticantes.
Ir:. Elias Mansur Neto
Venerável da Loja Maçônica Cavaleiros Templários, em Belo Horizonte, MG. E-mail (eliasmn@terra.com.br) ( eliasmn@cavtemplarios.com.br )
LITERATURA CONSULTADA.
(1) Fonte Web Site oficial do Grande Oriente do Brasil- GOB(www.gob.org.br).
(2) CAAMINO, Rizzardo da Introdução à Maçonqaria – Histria Universal. 3ª edição. Vol 1. Rio de Janeiro. Editora Aurora, 1972[p.114].
(3) Op. Citada.[pp. 138 e139]
(4) Op. Citada [p.139]
(5) Artigo de Julio Fleichman – publicado no Web Site do seguinte endreço: http://www.permanencia.org.br/revista/historia/vital.htm

6 de janeiro de 2012

O Quarto Rei Mago


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Uma história de Henry Van Dyke

Vocês sabem a história dos três reis magos que viajaram do Oriente para Belém para adorar a Jesus e lhe ofertar as dádivas de ouro, incenso e mirra.

Vou-lhes contar a história do quarto rei mago que também viu a estrela e resolveu segui-la e do seu grande desejo de adorar o Rei Menino e lhe oferecer as suas prendas.

Ele morava nas montanhas da Pérsia e o seu nome era Artaban. Era um médico, alto, moreno, de olhos bem escuros: a fisionomia de um sonhador, a mente de um sábio. Um homem de coração manso e espírito indominável.

Era um homem de posses. A sua moradia era rodeada de jardins bem tratados com árvores de frutas e flores exóticas. Suas vestes eram de seda fina e o seu manto da mais pura lã. Era seguidor de Zoroastro e numa noite se reuniu em conselho com nove membros da mesma seita. Eram todos sábios!

Artaban lhes falou sobre a nova estrela que vira e o seu desejo de segui-la. Disse-lhes:

"- Como seguidores de Zoroastro aprendemos que os homens vão ver nos céus, em tempo apontado pelo Eterno, a luz de uma nova estrela e nesse dia, nascerá um grande profeta e Ele dará aos homens a vida eterna, incorruptível e imortal, e os mortos viverão outra vez! Ele será o Messias, o Rei de Israel.

E continuou:

"- Os meus três amigos Gaspar, Melchior, Baltazar e eu, vimos a grande luz brilhante de uma nova estrela á vários dias e vamos sair juntos para Jerusalém para ver e adorar o Prometido, o Rei de Israel. Vendi a minha casa e tudo o que possuo e comprei estas jóias: uma safira, um rubi e uma pérola para oferecer como tributo ao Rei. Convido-os para virem comigo nesta peregrinação para juntos adorarmos o rei!”

Mas um véu de dúvida cobriu as faces de seus amigos:

"- Artaban! Isso é um sonho em vão. Nenhum rei vai nascer de Israel! Quem acredita nisso é um sonhador!"

E um a um, todos o deixaram.

"- Adeus amigo!"

Artaban pesquisando os céus viu de novo a estrela.

"- É o sinal!" Disse ele. "- O Rei vai chegar e eu vou encontrá-lo."

Artaban preparou o seu melhor cavalo, chamado Vasda, e de madrugada saiu ás pressas, pois, para encontrar no dia marcado com Gaspar, Melchior e Baltazar, que já estavam a caminho, ele precisava cavalgar noite e dia. Já estava escurecendo e ainda faltavam mais ou menos três horas de viagem para chegar ao sítio de encontro e ele precisava estar lá antes de meia noite ou os três magos não poderiam demorar mais à sua espera!

“- Mas, o que é isto?”

Na estrada, perto de umas palmeiras, o seu cavalo Vasda, pressentindo alguma coisa desconhecida, parou resfolegando, junto a um objeto escuro perto da última palmeira.

Artaban desmontou. A luz das estrelas revelou a forma de um homem caído na estrada. Um pobre hebreu entre os muitos que moravam por perto. A sua pele estava seca e amarela e o frio da morte já o envolvia. Artaban depois de examiná-lo, deu-o por morto e voltou-se com um coração triste pois nada podia fazer pelo pobre homem.

“- Mas o que foi isto?”

"- Que devo fazer? Se me demorar, os meus amigos procederão sem mim. Preciso seguir a estrela! Não posso perder a oportunidade de ver o Príncipe da Paz só para parar e dar um pouco de água a um pobre hebreu nas garras da morte!"

"- Deus da Verdade e da Pureza, dirige-me no teu caminho santo, o caminho da sabedoria que só tu conheces!"

E Artaban carregou o hebreu para a sombra de uma palmeira e tratou-o por muitos dias até que êle se recuperou.

"- Quem és tu?" perguntou ele ao mago.

"- Sou Artaban e vou a Jerusalém à procura daquele que vai nascer: O Príncipe da Paz e Salvador de todos os homens. Não posso me demorar mais, mas aqui está o restante do que tenho: pão, vinho, e ervas curativas."

O hebreu erguendo as mãos aos céus lhe disse:

"- Que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó o abençoe; nada tenho para lhe pagar, mas ouça-me: Os nossos profetas dizem que o Messias deve nascer, não em Jerusalém mas em Belém de Judá."

Assim, já era muito mais de meia noite e vários dias mais tarde quando Artaban montou de novo o seu cavalo Vasda e num galope rápido prosseguiu ao encontro de seus amigos.

Aos primeiros raios do sol, checou ao lugar do encontro. Mas... onde estavam os três magos? Artaban desmontou e ansioso, estudou todo o horizonte. Nem sinal da caravana de camelos dos seus amigos! Então entre uma pilha de pedras achou um pergaminho e a mensagem:

"- Não pudemos esperar mais, vamos ao encontro do Rei de Israel. Siga-nos através do deserto."

Artaban sentou-se e cobriu a cabeça em desespero!

"- Como posso atravessar o deserto sem ter o que comer e com um cavalo cansado? Tenho mesmo que regressar à Babilónia, vender a minha safira e comprar camelos e provisões para a viagem. Só Deus, o misericordioso, sabe se vou encontrar o Rei de Israel ou não, porque me demorei tanto ao mostrar caridade,"

Artaban continuou a via pelo deserto e finalmente chegou em Belém, levando o seu rubi e a sua pérola para oferecer ao Rei. Mas as ruas da pequena vila. pareciam desertas. Pela porta aberta de uma casinha pobre, Artaban ouviu a voz de uma mulher cantando suavemente. Entrou e encontrou uma jovem mãe acalentando o seu bebé.

Três dias passados Ela lhe falou sobre os três magos que estiveram na vila a que disseram terem sido guiados por uma estrela ao lugar onde José de Nazaré, sua esposa Maria, e o seu bebé Jesus estavam hospedados. Eles trouxeram prendas de ouro, incenso e mirra para o menino. Depois, desapareceram tão rapidamente quanto apareceram. E a família de Nazaré também saiu à noite, em segredo, talvez para o Egito.

O bebê nos seus braços olhou para o rosto de Artaban e sorriu estendendo os braçinhos para ele.

“Não poderia essa criança, ser o Príncipe Prometido? Mas não! Aquele que procuro já não está aqui e eu preciso encontrá-lo no Egito!”

A Jovem mãe colocou o bebê no leito e preparou um almoço para o estranho hospede que veio à sua casa. Subitamente, ouviu-se uma grande comoção nas ruas: gritos de dor, o chorar de mulheres, tocar de trombetas e o clamor:

"- Soldados! os soldados de Herodes estão matando as nossas crianças!"

A jovem mãe, branca de terror escondeu-se no canto mais escuro da casa, cobrindo o filho com o seu manto para que ele não acordasse e chorasse.

Mas Artaban colocou-se em frente à porta da casa impedindo a entrada dos soldados. Um capitão aproximou-se para afastá-lo. A face de Artaban estava calma como se estivesse observando as estrelas. Fitou o soldado um instante e lhe disse:

"- Estou sozinho aqui, esperando para dar esta jóia ao prudente capitão que vai me deixar em paz.”

E mostrou o rubi brilhando na palma da sua mão como uma grande gota de sangue.

Os olhos do capitão brilharam com o desejo de possuir tal jóia!

"- Marchem, Avante!" Gritou aos seus soldados. "- Não há criança aqui!"

E Artaban olhando os céus orou:

"- Deus da Verdade, perdoa o meu pecado! Eu disse uma coisa que não era, para salvar uma criança. E duas das minhas dádivas já se foram. Dei aos homens o que havia reservado para Deus. Poderei ainda ser digno de ver a face do Rei?"

E Artaban prosseguiu na sua procura entre as pirâmides do Egito, em Heliopólis, na nova Babilónia às margens do Nilo... Numa humilde casa em Alexandria, Artaban procurou o conselho de um velho rabi que lhe falou das profecias e do sofrimento do Messias prometido e receitado pelos homens.

"- E lembre-se, meu filho: o Rei que procuras não o vais encontrar num palácio ou entre os ricos e poderosos. Isto eu sei: os que o procuram devem fazê-lo entre os pobres e os humildes, os que sofrem e são oprimidos."

E Artaban passou por lugares onde a fome era grande. Fez a sua morada em cidades onde os doentes morriam na miséria. Visitou os oprimidos nas prisões subterrâneas, os escravos nos mercados de escravos...

Em toda a população de um mundo cheio de angústia ele não achou ninguém para adorar, mas muitos para ajudar! Ele alimentou os que tinham fome, cuidou dos doentes, e confortou os prisioneiros... E os anos passaram... 33 anos.

E os cabelos de Artaban já não eram pretos, eram brancos como a neve nas montanhas. Velho, cansado e pronto para morrer era ainda um peregrino à procura do Rei de Israel e agora em Jerusalém onde havia estado muitas vezes na esperança de achar a família de Belém.

Os filhos de Israel estavam agora na cidade santa para a festa da Páscoa do Senhor e havia uma agitação e excitamento singular. Vendo um grupo de pessoas da sua terra, Artaban lhes perguntou o que se passava e para onde o povo se dirigia.

"- Para o Gólgota!" lhe responderam, "- ...pois não ouviste? Dois ladrões vão ser crucificados e com eles, um homem chamado Jesus de Nazaré, que dizem, fez coisas maravilhosas entre o povo. Mas os sacerdotes exigiram a sua morte, porque disse ser o Filho de Deus. Pilatos O condenou a ser crucificado porque disseram ser Ele o Rei dos Judeus.”

"Os caminhos de Deus são mais estranhos do que o pensamento dos homens," pensou Artaban. "Agora é o tempo de oferecer a minha pérola para livrar da morte o meu Rei!"

Ao seguir a multidão em direção ao portal de Damasco, um grupo de soldados apareceu arrastando uma jovem rapariga com vestes rasgadas e o rosto cheio de terror.

Ao ver o mago, a jovem reconheceu-o como da sua própria terra e libertando se dos guardas atirou-se aos pés de Artaban:

"- Tenha piedade!...”, ela implorou,..."e pelo Deus da pureza, salva-me! Meu pai era mercador na Pérsia mas faleceu e agora vão me vender como escrava para pagar seus débitos! Salva-me!"

Artaban tremeu. Era o velho conflito da sua alma entre a fé, a esperança e o impulso do amor. Duas vezes as dádivas consagradas foram dadas para a humanidade. E agora? Uma coisa ele sabia:

“- Salvar essa jovem indefesa era um gesto de amor. E não é o amor a luz da alma?”

Ele tirou a pérola de junto ao seu coração. Nunca ela pareceu tão luminosa! Colocou-a na mão da moça:

"- Este é o teu pagamento, o último dos tesouros que guardei para o Rei!"

Enquanto ele falava uma escuridão profunda envolveu a terra que tremeu consultivamente! Casas caíram, os soldados fugiram mas Artaban e a moça protegeram-se de baixo do telhado sobre as muralhas do Pretório.

"- O que tenho a temer,” pensou ele," ...e para quê viver? Não há mais esperança de encontrar o Rei, a procura terminou, eu falhei.”

Mas mesmo esse pensamento lhe trouxe paz pois sabia que viveu de dia a dia da melhor maneira que soube. Se tivesse que viver de novo a sua vida não poderia ser de outra maneira.

Mais um tremor de terra e uma telha desprendeu-se do telhado e feriu o velho mago na cabeça. Repousou no chão e deitou a cabeça nos ombros da jovem com o sangue a escorrer do ferimento.

Ao debruçar-se sobre ele, ela ouviu uma voz suave, como música vindo da distancia. Os lábios de Artaban moveram-se como em resposta e ela escutou o que o velho mago disse na sua própria língua:

"- Não meu Senhor! Quando te vi com fome e te dei de comer? ou com sede e te dei de beber? ou quando te vi enfermo ou na prisão e fui te ver?

Por 33 anos eu te procurei, mas nunca vi a tua face, nem te servi, meu Rei!"

E uma voz suave veio, mas desta vez dos céus. A jovem também compreendeu as palavras.

"- Em verdade, em verdade vos digo que quando o fizeste a um destes meus irmãos a mim o fizeste!"

Uma alegria radiante iluminou a face calma de Artaban.

Um suspiro longo e aliviado saiu de seus lábios.

A viagem para ele havia terminado.

O quarto mago, Artaban, compreendeu que havia encontrado o seu Rei durante toda a sua vida!

Colab: Ir.'. Weber Varrasquim, 33º - GLESP